A fé é o ponto de partida para o ensino e prática da Doutrina Social da Igreja

A fé é o ponto de partida para o ensino e prática da Doutrina Social da Igreja

O ponto de partida da Doutrina Social da Igreja é a experiência de fé, com o encontro com Jesus e a adesão ao seu projeto do Reino de Deus sendo fundamentais para o ensino social da Igreja. Na Sagrada Escritura, especialmente em Êxodo, vemos que Deus, ao falar sobre o sofrimento do povo, demonstra preocupação não apenas com o indivíduo, mas com o povo que sofre.

No dia 20 de novembro, representantes das pastorais sociais das arquidioceses e dioceses do Regional Leste 1 da CNBB, participaram do Encontro Regional, que aconteceu, na Paróquia Nossa Senhora de Fátima, na Diocese de Duque de Caxias. Dom Luiz Antônio Lopes Ricci, bispo de Nova Friburgo, bispo referencial para Comissão Sócio-transformadora do Regional Leste 1, agradeceu a participação de todos e já indicou que em 2025 vai acontecer outros encontros no mesmo formado, sendo o primeiro na Diocese de Petrópolis

O encontro teve como assessor o Padre Geraldo Marques, professor de Teologia na PUC Rio e Assessor Eclesiástico da Pastoral da Criança na Arquidiocese do Rio. O tema central foi “Doutrina Social da Igreja: Princípio de Solidariedade e Subsidiariedade”. Em sua palestra, Padre Geraldo apresentou um panorama histórico, definições e documentos que fundamentam a Doutrina Social da Igreja.

Padre Geraldo destacou que a Doutrina Social da Igreja tem a fé como seu ponto de partida, e não os aspectos sociológicos, políticos ou econômicos. Ele enfatizou que a experiência de fé é central para a perspectiva da Igreja sobre questões sociais, sendo o encontro com Jesus e a adesão ao seu projeto do Reino de Deus fundamentais para o ensino social da Igreja.

“É a experiência de fé que constitui, de fato, o centro dessa perspectiva do olhar da Igreja para a questão social. Então, é bom ter claro para nós que é a experiência de fé que constitui o elemento central de toda a vida cristã”, ressaltou. Ele acrescentou que “quando falamos de experiência de fé, estamos falando do encontro com Jesus e a adesão a Ele e ao seu projeto do Reino de Deus. Então, o ponto de partida, o elemento fundamental para a doutrina social da Igreja, para o ensino social da Igreja, para o magistério da Igreja, é a fé. É o encontro com Jesus Cristo. É a partir dessa experiência ou desse encontro com Jesus Cristo, que o magistério nos convida a olhar para as questões sociopolíticas, econômicas e culturais”.

Ele também mencionou que a sensibilidade social já estava presente na fé judaica, citando o livro do Êxodo para ilustrar como Deus se preocupa com o povo como um todo. “Vamos voltar até um pouco no judaísmo, nós somos herdeiros da fé judaica. A fé judaica já possui uma profunda sensibilidade social. Vamos relembrar lá, Êxodo, capítulo três, versículo sete: Deus falando com o povo. Eu vi, eu vi o sofrimento do meu povo. Eu vi, eu vi, experimentei, está lá. Então, a fé judaica nos mostra essa sensibilidade para a questão social. Deus não se interessa só pela questão do indivíduo, mas pelo povo”.

Padre Geraldo apresentou documentos importantes do Magistério da Igreja, como Rerum Novarum (1891), Quadragésimo Anno (1931), Mater et Magistra (1961), Pacem in Terris (1963), Gaudium et Spes (1965), entre outros, incluindo documentos recentes do Papa Francisco. Ele apresentou os princípios da Doutrina Social da Igreja: a dignidade da pessoa humana, família e comunidade, direitos e deveres, opção preferencial pelos pobres e vulneráveis, cuidado com a criação, bem comum, solidariedade e subsidiariedade. Estes dois últimos foram aprofundados pelo Padre Geraldo Marques.

Organização do Encontro pelas Pastorais Sociais

O evento foi organizado por um grupo apelidado de G12, em referência à cúpula do G20. Este grupo inclui duas arquidioceses, oito dioceses, a Administração Apostólica São João Maria Vianney e o coordenador regional, Tobias Tomines. Dom Tarcisio Nascentes dos Santos, bispo de Duque de Caxias, acolheu os agentes, enfatizando a importância da comunhão e missão.

“Nos encontramos hoje para participar intensamente desta jornada, uma participação que é fruto da comunhão, uma participação que conduz para a missão”, frisou o bispo de Duque de Caxias, lembrando que “ainda estamos no contexto da iminência do ano jubilar. Nós estamos aqui reunidos para aprofundar a doutrina social da Igreja. O Papa Francisco salienta como algo muito importante para a Igreja, devemos sempre, assim como ele pede, revisitar o Concílio Vaticano II permanentemente e nos debruçar sempre sobre a doutrina social da Igreja”.

Lembrando as palavras do Papa Francisco, Dom Tarcisio recordou que, para a Igreja, a opção pelos pobres é mais uma categoria teológica que cultural, sociológica, política ou filosófica. “Deus manifesta a sua misericórdia, antes de mais nada, a eles. O Papa Francisco, citando João Paulo II e Bento XVI, afirma que esta preferência divina pelos pobres tem consequências na vida de fé de todos os cristãos, chamados a possuírem os mesmos sentimentos que estão em Cristo Jesus”.

Dom Luiz Antônio Lopes Ricci, bispo de Nova Friburgo, ao comentar a importância do encontro, lembrou que a Comissão Sócio-transformadora do Regional Leste 1 foi sempre um sonho de Dom Luciano Bergamin, CRL, ressaltando que ele sempre teve um carinho muito especial pelas pastorais sociais. Dom Ricci comentou que a 22ª Assembleia do Regional Leste 1, entre outras decisões, uma delas foi revitalizar as pastorais sociais. “Queremos afirmar que reconhecemos a importância missionária na promoção da vida, da justiça e da cultura da paz de cada pastoral social”, afirmou. O bispo auxiliar da Arquidiocese de Niterói, Dom Geraldo de Paula Souza, C.SS.R., disse que sua presença no encontro era de apoio ao trabalho das pastorais sociais, frisando que é uma ação fundamental e importante na caminhada como Igreja, “como irmãos e irmãs atentos às necessidades daqueles que mais precisam”.