50 anos do mês da Bíblia, no Brasil

Vossas palavras são uma verdadeira luz, que dá sabedoria aos simples” Sl 118,130

 

Prezados Diocesanos!

 

Em comemoração ao jubileu de ouro do mês da Bíblia, na Igreja do Brasil, dirijo-me a todos, procurando,     de forma simples e despretensiosa, expor uma pequena síntese da caminhada fecunda de nossa Igreja,           no Brasil no que se refere à animação da vida pastoral e espiritual, através da Bíblia.

Esta consciência, cada vez mais presente e atuante, na vida da Igreja, sobre o valor da Sagrada Escritura, começa com o Movimento Bíblico, no início do século XX, tendo o incentivo dos papas deste período           da história, a começar por Leão XIII, que cria a Pontifícia Comissão Bíblica, e o Papa Pio X, com o Instituto Bíblico. Destacamos, também, a Encíclica “Divino Afflante Spiritu” – do Papa Pio XII (1943), pela qual, incentiva o estudo sobre a Sagrada Escritura.

A partir do incentivo destes nossos grandes Pastores da Igreja, foi se consolidando um apostolado bíblico, no Brasil, inclusive, buscando promover e incentivar o estudo bíblico, para todos os fiéis, com uma linguagem mais simples e adequada. Neste sentido, a exortação se voltava, também, para as reflexões homiléticas,         de forma a serem mais vivas, suscitando conversão e uma caminhada de fé, marcada por uma vida                 de compromisso com o Evangelho.

A partir do Concílio Vaticano II, cresceu, ainda mais, o incentivo a todos os fiéis, para lerem e meditarem a Sagrada Escritura, integrando-a com a vida. A Constituição Dogmática “Dei Verbum” foi muito importante neste aspecto, incentivando a todos ao aprofundamento bíblico.

Com a motivação do Concílio Vaticano II, as Conferências Episcopais da América Latina muito contribuíram, com seus documentos, para o incremento da participação dos fiéis, na partilha da Palavra         de Deus. A mais recente Conferência Latino Americana de Aparecida, acontecida no ano de 2007, com           a presença do Papa Bento XVI, destacou a Bíblia, no processo formativo do discípulo missionário, incentivando a animação bíblica da pastoral. Uma grande riqueza deste documento, se encontra, também,      na valorização daquela que, na tradição orante e litúrgica da Igreja, sempre foi muito valorizada, ou seja,         a “Lectio Divina”, como um especial encontro com Jesus Cristo (DAp 249).

E para motivar, ainda mais, a importância da Bíblia, na caminhada do Povo de Deus, temos a Exortação Apostólica Pós-Sinodal “Verbum Domini”, do Papa Bento XVI, acentuando a importância da animação bíblica e pastoral, na vida e missão da Igreja.

Por sua vez, não podemos deixar de acentuar os esforços das editoras católicas, para promoverem o uso da Bíblia, a todos os fiéis, como por exemplo, a divulgação da Bíblia Ave Maria, desde 1959, e muitas outras traduções. Hoje, temos traduções próprias, para estudos, e outras, mais populares. Destaco a tradução da CNBB, que procura aproximar, melhor, o estilo e a tradução dos textos litúrgicos, utilizados,                         em nossas celebrações.

Assim sendo, muitas iniciativas, por parte das Igrejas Particulares, em nosso imenso Brasil, foi se desenvolvendo, com formas criativas e enriquecedoras, a fim de motivar a leitura da Palavra de Deus, como por exemplo, a 1ª Semana Bíblica, promovida pela Arquidiocese de Natal, em 1947, por Dom Eugênio Salles.

Certamente, muitas outras iniciativas, alvissareiras, surgiram, e, ainda hoje, acontecem.

As experiências, cada vez mais frutuosas, foram acontecendo, de modo que, a 29ª Assembléia Geral dos Bispos consideraram mudar a nomenclatura da Linha 3, da ação pastoral, passando a se chamar “Dimensão bíblico-catequética”, acentuando, ainda mais, a centralidade e a importância da Palavra de Deus, na vida      da Igreja.

Em nossa Diocese, existe a experiência muito rica, nas comunidades eclesiais, no sentido de valorizar             a reflexão bíblica, através dos círculos bíblicos, de tal forma, que temos uma equipe abastante, empenhada     na confecção destes roteiros.

Agradecemos muito a todos pela dedicação, e como estamos nos aproximando do centenário de nossa Diocese, o incentivo a esses encontros de formação e espiritualidade, é fundamental, especialmente, dando     a oportunidade aos nossos fiéis, de conhecerem o método, que faz parte da milenar tradição cristã e católica, que é a “Lectio Divina”, ou seja, que todos possam conhecer este método – de reflexão e aprofundamento –       das coisas de Deus, através da leitura orante da Bíblia, que é um exercício de escuta pessoal da Palavra          de Deus, através de quatro degraus espirituais: leitura, meditação, oração e contemplação.

Que nossos diocesanos sejam, cada vez mais, orantes, e comprometidos – com as exigências da vida      de fé, inspirados na contemplação da Palavra de Deus!

 

Luiz Henrique S. Brito

Bispo Diocesano