ANO DO CENTENÁRIO
Caros
diocesanos(as)!
Estamos a iniciar mais um Ano Litúrgico, como
o tempo do Advento. Uma característica humana que precisa ser sempre apreciada
é a capacidade de esperar, mesmo diante de realidades áridas e quase
insuportáveis. Se a esperança se esvanece de nosso interior, nada mais tem
sentido.
O
tempo do Advento tem muito a ver com expectativa alegre e jubilosa em meio a
tribulações e incertezas. Precisamos cultivar a esperança para sobreviver e
projetar nossa vida para um futuro de transcendência e encontro com Aquele que
dá sentido à nossa existência em Deus.
Interessante
que muito cobramos de nosso Deus, esperançosos de obter o que tanto almejamos
e, quando os acontecimentos da vida com seus desafios, tende a roubar nossa
esperança, crescem nossas críticas, cobranças, desânimo e procuramos respostas
desafiando o Senhor - Onde estás? No entanto, muitas vezes, nos esquecemos, que
Deus também espera nossa resposta de amor, nossa conversão. Somos impacientes
com o que almejamos, com nossos anseios e, contudo, Deus tem paciência e
espera. Perguntemo-nos… quanto tempo Deus tem esperado nossa conversão? Sabemos
muito bem, que Ele não quer nos salvar sem nossa cooperação. Esta reflexão
seria muito importante, ao iniciar este novo tempo Ano Litúrgico.
Nesta
alegre expectativa, estamos iniciando o ano do centenário da nossa Diocese,
cujo tema proposto “Memória, Gratidão e Missão” nos faz mergulhar em nossa
história de muita fé e coragem, como também, nos lançar neste caminhar
missionário e evangelizador. A cada tempo, novos desafios precisam ser
enfrentados, no sentido de, procurarmos, sem perder o que é essencial, ser “sal
da terra e luz do mundo”, dedicados servidores na messe, ramos que não receiam
as podas para melhor produzir frutos esperados.
O lema escolhido se encontra no Salmo 105,1
“Rendei graças ao Senhor. Anunciai as suas obras”. Como é importante cultivar a
gratidão e o amor. São atitudes fundamentais para que nossa vida, para que seja
plena de sentido e possa irradiar a luz de Cristo. O salmo 105, muito
apropriado para o momento que estamos vivendo, celebra a ação de Deus no
criado, na história. Não dá ênfase a pecados e erros do povo da Aliança, não
tem linguagem amargurada dos males do passado, não tem um cunho pessimista,
pelo contrário, quer celebrar, louvar a Deus, proclamar suas maravilhas. É isso
que precisamos, mais do que nunca, nestes tempos em que fomos testados até o
limite das nossas forças: pandemia, crise ambiental e social, crise política,
crise existencial, eclesial… ou seja, situações de que exigiram de cada de nós
um reavivamento da fé, esperança e caridade onde se faz ressoar as palavras do
Apóstolo Paulo “mas em todas essas coisas, somos mais que vencedores pela
virtude daquele que nos amou” (Rm 8,37).
É
esse espírito do centenário: acreditar firmemente que nada “nos poderá apartar
do amor que Deus nos testemunha em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 8,39).
Ao
longo deste ano tão especial, muitos momentos que, certamente foram marcantes
para nossa vida diocesana iremos celebrar: a memória de importantes
acontecimentos em região e a presença sempre atuante e profética da Igreja. Em
cada Região Pastoral iremos celebrar a fé, coragem e profecia de nossos
antepassados, tais como: a greve da CSN com o assassinato de 3 operários na
Região pastoral de Volta Redonda, a recordar uma Igreja ao lado dos mais
frágeis da sociedade contra um capitalismo selvagem que só visa o lucro; a
inundação da cidade de São João Marcos que se tornou uma ferida aberta na
população local, inundando a história de um povo na Região Pastoral de Barra
Mansa; o incêndio e reconstrução da Igreja Matriz N. S. Da Conceição na Região
Pastoral de Resende a recordar a capacidade de superação de um povo de muita
fé, que não perde a esperança em meio aos desafios e, na Região Pastoral de
Barra do Piraí, a tragédia ambiental na Serra das Araras e a presença atuante
da Igreja com a ajuda da Santa Sé para auxiliar os desabrigados, mostrando o
quanto a Igreja está sensível às dores humanas de forma concreta. Enfim um ano
de gratidão por esta bela caminhada de fé.
Somos
um povo que caminha, sustentados pelo pão descido do Céu, o maná imperecível
que é a Eucaristia, em torno desta mesa posta, iremos realizar o III Congresso
Eucarístico Diocesano, procurando refletir sobre o mesmo tema proposto pelo
centenário e inserindo como lema bíblico a caminhada dos discípulos de Emaús e
o momento em que os seus olhos se abrem e anseiam a presença confortadora do
Mestre, ao dizer: “Fica, conosco Senhor!” (Lc 24,29). No partir do pão depois
da bênção, reconhecem Jesus que desaparece da vista deles a indicar esta
presença especial do Senhor doravante na Eucarística, ou seja, ele não nos
abandonou e continua a aquecer os corações, concedendo novo vigor para sermos
testemunhas do Ressuscitado.
O Congresso Eucarístico deverá ser este grande
momento em que testemunhamos a fé na presença real de Jesus, maior tesouro da
Igreja por ser a presença do próprio Jesus Cristo no meio do povo de Deus.
Desejamos reafirmar a certeza de Ele está no meio de nós. Ao longo da semana do
Congresso, teremos várias iniciativas de cunho pastoral, catequético, formativo
e social.
O
centenário será um tempo de graça. Que todos nós estejamos bem envolvidos na
participação e colaboração. Com alegria rumo ao centenário, caminhemos.
Abençoado
natal e Ano Novo de boas realizações, com a bênção de Deus
†Luiz Henrique da Silva Brito
Bispo de Barra do Piraí-Volta Redonda