Reflexão do Tempo Pascal
Prezados irmãos e irmãs!
Entramos
no mais especial tempo litúrgico. Preparamo-nos, ao longo da Quaresma, para celebrar a vitória de
Jesus sobre o pecado e a morte em nossa vida. Queremos ressuscitar com Ele.
Neste tempo de grandes desafios por conta da
pandemia, nos acompanha o evangelista São Marcos, conhecido por sua sobriedade
e objetividade no apresentar a vida e o caminho proposto por Nosso Senhor.
Para nossa reflexão, refletimos os textos do
evangelho de Marcos que apresenta Jesus mais do que um profeta, por ser Ele o
Filho de Deus. Esse,
que foi rejeitado, é o Senhor
Ressuscitado, o Filho do Homem que vem reunir a humanidade dispersa. Ele é o
doador da vida por ter dado sua vida por nós.
Com Ele também ressurge um novo povo de Deus
que clama Abbá Pai. Sua vitória sobre a morte exige de nós um ato de fé: “morreu
por nossos pecados segundo a escritura e foi
sepultado; ressuscitou no terceiro dia segundo as escrituras...”
O texto central de Marcos sobre a ressurreição
está no capítulo 16,1-8. Todas as palavras de Jesus tornam-se realidade, nada
caiu no vazio. Nossa fé se fundamenta em bases sólidas e tudo se cumpre: Ele
verdadeiramente ressuscitou!
Marcos menciona três mulheres que, após o
sábado foram ao sepulcro do Senhor para ungir o corpo do Senhor. Provavelmente,
na pressa de sepultá-lo, não tiveram tempo de fazê-lo conforme as tradições
próprias de sepultamento. Este dado pode passar desapercebido, mas de grande
importância pelo fato que aquelas mulheres não tinham expectativas sobre a
ressurreição de Jesus. Elas si dirigem ao sepulcro marcadas pela dor e
desesperança; só queriam completar os ritos próprios do sepultamento.
Marco suscita um questionamento com a pedra
removida. As mulheres entram e se apavoram com uma presença, segundo o texto bíblico, de um jovem vestido de branco, que as acalma dizendo: “não tenham medo.”
Reparem que o Senhor, ao longo da história da salvação, sempre tem uma palavra de conforto e encorajamento,
especialmente, procurando nos libertar da paralisia do medo como resultado de
nossas inseguranças.
Ainda precisamos nos aprofundar muito no
significado de um sepulcro vazio. Não podemos dizer que seja suficiente, pois
as mulheres fogem, temerosas. O anúncio da ressurreição vai além do sepulcro
vazio. Um evento de fé, ato de Deus, agir de Deus não é uma pesquisa histórica
e arqueológica simplesmente. A primeira comunidade cristã crê e na força desta
fé enfrenta todos os obstáculos e perseguições. Por esta
fé é que Marcos escreve o evangelho e que muitos
cristãos, ainda hoje, doam sua vida.
Deus ressuscitou seu Filho para dizer que está
do lado d’Ele e não das orgulhosas e prepotentes autoridades da época que
julgaram e condenaram o Filho de Deus. Sua entrega e paixão, como bem recorda
as profecias de Isaías,
não foram em vão. Ele é o Justo
Sofredor, morreu pelos nossos pecados, para nos livrar desta escravidão e nos
unir ao Pai.
Seguindo esta linha de raciocínio, a atitude
do Pai em ficar aparentemente distanciado do sofrimento de Seu Filho revela que
a paixão de Cristo necessariamente precisa ser lida à luz de Isaías 53, e também dos salmos do “justo sofredor” que corroboram com
o que a Igreja sempre ensinou: Jesus morreu pelos nossos
pecados para nos reconciliar com Deus.
Com o anúncio jubiloso da Ressurreição, as
trevas da paixão cedem para que a luz daquele que morto, agora vivo, seja a tônica de nossa caminhada de fé.
No sepulcro um jovem de branco se dirige a um
grupo de mulheres estupefatas, reação esta diante da grande epifania divina
onde a morte foi vencida pela vida. A comunidade cristã proclama Jesus
Ressuscitou! Aleluia e as palavras do jovem vestido de branco indica o caminho
da missão. Esta mensagem não pode ser escondida: “agora ide, dizei aos Seus
discípulos e a Pedro que Ele vai adiante de vós para a Galileia” Mc 16,7.
No entanto, as mulheres não conseguiram
cumprir este encargo. Difícil se
exprimir quando o medo nos domina. Tenhamos cuidado com o medo que aprisiona,
que rouba nossa esperança e nos faz duvidar do amor de Deus. Para Marcos, não são essas mulheres testemunhas do Ressuscitado,
mais tarde aparece a Maria Madalena e por fim, aos
discípulos.
Claramente se percebe o destaque dado ao
primeiro Papa da Igreja e, na terra dos pagãos o Senhor se revela como O
Vivente, lugar onde a mensagem do Ressuscitado se propaga e a missão se torna o DNA da Comunidade de Fé,
recordando a mensagem exortativa de Paulo: “Ai de mim se eu não evangelizar”.
Seja para nós essa grande proposta pascal:
testemunhar a vida nova em Cristo Vivo anunciado na comunidade de Fé, não
permitindo com que que o medo, a desesperança nos impeça de proclamar as
maravilhas do Senhor em todo tempo.
O Senhor é nossa Força!
+ Luiz Henrique da Silva Brito
Bispo Diocesano