Ano de Mudanças
CAROS DIOCESANOS,
Costumamos dizer que o ano novo é sempre tempo de renovar nossa esperança em tempos melhores, rezamos nessa intenção, ainda sob a influência desta pandemia que nos fez reavaliar muitas coisas em todos os aspectos: vida social e eclesial. Ainda estamos sob o influxo desta realidade que nos mostrou o quanto a sociedade precisa avançar na proteção da vida e no resgate da dignidade humana.
Minha
chegada na diocese aconteceu no ano de 2019. Tudo novo para mim e
vocês. Uma fase de adaptação se seguiu. Fomos "atropelados" pela
COVID-19 e se fez necessário somar forças de solidariedade, partilha e
compromisso evangelizador com as urgentes adaptações por conta deste
vírus novo e mortal. Tivemos que lidar com a dura realidade das igrejas
fechadas, cursos e eventos evangelizadores cancelados, movimentos e
grupos sem terem condições de se reunirem. Enfim, um momento de
desamparo e perplexidade. No entanto, tivemos a oportunidade de
presenciar muitas iniciativas criativas e belas de proximidade e apoio
ao nosso povo diante desta realidade tão complexa.
Este
ano, esperamos em Deus, tenhamos perspectivas melhores e que seja, para
todos nós, grande oportunidade de amadurecimento na fé.
Será também um tempo de mudanças na vida pastoral de nossas comunidades paroquiais com as transferências de párocos, realidade essa que faz parte da vida eclesial. Quero recordar a todos que o padre é este precioso colaborador do bispo na vida da Igreja Particular, de forma que, a disponibilidade de cada um deles é fundamental para que o bispo possa, discernindo bem todas as realidades da vida pastoral diocesana, contar com o pastoreio dos presbíteros nas comunidades.
Sabemos
que mudança causa uma certa perplexidade. O novo nos assusta um pouco,
mas é imprescindível para nossa caminhada de fé.
Tanto
para o padre como para o povo de Deus este momento de adaptação exige
abertura, delicadeza e respeito mútuos. Desta forma estaremos
construindo uma caminhada de comunhão e serviço, todos somando forças na
construção do Reino de Deus.
Peço,
portanto, que as paróquias sejam acolhedoras e compreensivas para com a
novidade de um novo pastor em sua realidade eclesial.
Sei
que é natural o ser humano se apegar a um determinado jeito de ser do
pároco que conduz a comunidade. Fico feliz em saber quando a comunidade
expressa seu reconhecimento pelo trabalho do padre que está sendo
transferido, todavia mais feliz ainda quando a comunidade, demonstrando
gesto de desapego e generosidade, entende que faz parte da vida do
presbítero estar disponível e se alegra pelo fato de que aquele
sacerdote tão amado fará um grande bem para os irmãos de outra
comunidade paroquial.
Causa-me tristeza quando a reação é outra, isto é, uma atitude egoísta e fechada em rejeitar a novidade de Deus na presença de outro sacerdote e atitudes intempestivas que buscam de todas as formas impedir este processo muito próprio da dinâmica de uma Igreja Diocesana no que se refere às transferências dos párocos e administradores paroquiais.
No
entanto, vejo o quanto nosso povo, em sua grande maioria, é
compreensivo e bom, dispostos a acolher o padre que, no desejo de servir
onde a Igreja mandar, vai de coração aberto para se dedicar e amar o
povo que lhe é confiado. Esta atitude demonstra maturidade e profundo
compromisso eclesial, pois entende que esta é a dinâmica da vida da
Igreja.
Nossa salvação não depende de um padre ou bispo específico, nem do Papa. Depende de nossa adesão a Cristo Jesus. Certamente o ministério pastoral dos sacerdotes é importante para nos ajudar na nossa caminhada de fé, mas não se limita a um padre específico. Importante dizer que nossa salvação vem de Cristo e o padre é chamado a ser instrumento do Senhor na comunidade que lhe é confiada, contando com o apoio dos fiéis, cujo trabalho pastoral ele é chamado a realizar com amor e dedicação.
Tenho certeza de que o espírito de acolhimento tão próprio da nossa gente, saberá acolher os seus novos pastores, colaborando em todas as ações, projetos pastorais e evangelizadores, para que nossas comunidades paroquiais possam crescer ainda mais em sua caminhada de fé.
Sempre oportuno lembrar o que ensina São Paulo em 1Cor 3,6-11, texto que vale a pena refletir, o qual nos recorda que na vida da Igreja um semeia, outro planta, a outro é dada a oportunidade de colher, mas o fundamento é sempre Cristo Jesus. Acima de tudo construamos comunidades que testemunhem a unidade e disponibilidade na construção do Reino de Deus.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!
Dom Luiz Henrique da Silva Brito Bispo Diocesano