Chamados a servir
Costumamos destacar o tema da missão no mês de outubro. Obviamente, uma reflexão sempre atual e propositiva, porquanto a missão faz parte essencial do ser Igreja. No entanto, gostaria de traçar a linha de reflexão para este mês sobre o ministério ordenado a serviço do Reino, por conta das ordenações que acontecerão este ano e a recepção do ministério de leitor por alguns seminaristas de nossa Diocese.
O Mês Missionário 2023 terá como tema: “Ide! Da Igreja local aos confins do mundo” e lema: “Corações ardentes pés a caminho” (Lc 24,13-35). Percebemos claramente a intenção de ligar o tema da missão com o Ano Vocacional, criando em nossa Igreja uma verdadeira cultura vocacional. Temos muito que agradecer a Deus, que em sua misericórdia, suscita, no meio de nossos jovens, corações desejosos de assumir a vida ministerial ordenada. Essa realidade promissora é resultado de todo um trabalho vocacional realizado ao longo dos anos na Diocese, por meio do SAV (Serviço de Animação Vocacional) e do PASDI (Projeto Amigos do Seminário Diocesano). Expressamos nosso “muito obrigado” à equipe de padres, religiosos(as) e leigos(as) pela cooperação e dedicação. Os frutos se fazem sentir nas ordenações presbiterais que estão acontecendo em nossa Igreja particular. Neste ano, ordenaremos, com a graça de Deus, um padre e um diácono.
E o que esperamos desses jovens vocacionados? Sempre é bom recordar que o testemunho e a fidelidade dos nossos ministros ordenados, juntamente com a alegria de servir na obediência, contribui eficazmente por uma cultura vocacional. Os esforços de coerência de vida no exercício do ministério ordenado atraem jovens para seguir o Senhor, porque percebem a alegria e a dedicação dos seus padres.
Ser fiel deve ser a meta de todo sacerdote. Um sinal desta fidelidade é o amor com que celebra a Eucaristia, a acolhida aos penitentes, o pronto atendimento aos enfermos, jovens e idosos, ou seja, a disponibilidade em gastar-se com amor e alegria pelos irmãos.
O padre deve ter coragem de enfrentar os desafios e dar sentido a esta vida. O padre que é verdadeiramente seguidor de Cristo entrega sua liberdade e sua vida Àquele que é Caminho, Verdade e Vida e, por isso, se empenha em vivenciar a espiritualidade do Bom Pastor que dá a vida pelas ovelhas. Para isso, não deve esquecer a intimidade com Jesus na Eucaristia, que deve celebrar com renovado ardor. Deve buscar estar sempre com Ele no silêncio do sacrário, de onde fala sempre ao coração do padre.
O sacerdote é homem da unidade e da caridade e, portanto, cuida para que os pensamentos ideológicos político-partidários não contaminem a comunhão eclesial, como também que as visões eclesiológicas não sejam obstáculos para caminhar juntos. Santo Inácio de Antioquia, bispo mártir do final do primeiro século, já alertava que o orgulhoso é aquele que não guarda a unidade da Igreja, isto é, prefere dividir a comunidade de fé em nome de seus pensamentos ideológicos.
Na primeira Visita Ad Limina que participei, já como Bispo de Barra do Piraí-Volta Redonda, por ocasião do inesquecível encontro com o Papa Francisco, o pontífice insistiu muito no tema da proximidade. Eis uma reflexão que todos nós devemos fazer! Não se trata de simpatias e sentimentalismos, mas, como nos diz o Santo Padre, da “capacidade de escuta e de diálogo… chamado a assumir a forma da comunhão presbiteral em torno do bispo e sob sua guia”. Francisco lembra que “a caridade pastoral do padre não pode ser acreditável se não for precedida e acompanhada pela fraternidade entre os presbíteros”. Desta forma, acolhendo as reflexões de nosso Papa, sejamos “próximos a Deus na oração; próximos ao bispo, sem o bispo o padre pode ser um líder, mas não será um padre; próximos dos presbíteros, entre vocês e próximos com o Povo de Deus”.
Louvemos a Deus, que suscita vocações em nossas comunidades, e acolhamos com alegria nossos jovens que, ao concluir a etapa formativa, são ordenados para servir. Rezemos pelos nossos ministros ordenados e empenhemo-nos em um caminho verdadeiramente vocacional rumo à santidade.